"Não sei... se a vida é longa ou curta demais para nós. Mas sei que nada do que vivemos tem sentido se não tocamos o coração das pessoas." (Cora Coralina)
“Minha terra tem palmeiras, Onde canta o Sabiá;
As aves, que aqui gorjeiam, Não gorjeiam como lá.”
(Gonçalves Dias)
As aves, que aqui gorjeiam, Não gorjeiam como lá.”
(Gonçalves Dias)
terça-feira, 5 de abril de 2011
"As coisas importantes são invisíveis aos olhos..."
« Quem és tu? - perguntou o principezinho - És bem bonita...
- Sou uma raposa - disse a raposa.
- Anda brincar comigo - pediu-lhe o principezinho. - Estou tão triste...
- Não posso brincar contigo - disse a raposa. - Ainda ninguém me cativou...
- Ah! Então desculpa! - Disse o principezinho.
Mas pôs-se a pensar, a pensar, e acabou por perguntar:
- "Cativar" quer dizer o quê?
- Vê-se logo que não és de cá - disse a raposa. - De que andas tu à procura?
- Ando à procura dos homens - disse o principezinho. - "Cativar" quer dizer o quê?
(...)
- É uma coisa de que toda a gente se esqueceu - disse a raposa. - Quer dizer "criar laços"...
- Criar laços?
- Sim, laços - disse a raposa. - Ora vê: por enquanto tu não és nada para mim senão um rapazinho perfeitamente igual a cem mil outros rapazinhos. E eu não preciso de ti. E tu também não precisas de mim. Por enquanto eu não sou para ti senão uma raposa igual a cem mil outras raposas. Mas, se tu me cativares, passamos a precisar um do outro. Passas a ser único no mundo para mim. E eu também passo a ser única no mundo para ti...
(...)
A raposa calou-se e ficou a olhar para o principezinho durante muito tempo.
- Se fazes favor... cativa-me! - acabou finalmente por pedir.
- Eu bem gostava - respondeu o principezinho. - Mas não tenho muito tempo. Tenho amigos para descobrir e uma data de coisas para conhecer...
- Só conhecemos o que cativamos - disse a raposa. - Os homens deixaram de ter tempo para conhecer o que quer que seja. Compram as coisas já feitas aos vendedores. Mas como não há vendedores de amigos os homens deixaram de ter amigos. Se queres um amigo, cativa-me!
(...)
E o principezinho cativou a raposa. (...) »
Antoine de Saint-Éxupéry - O Principezinho
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