“Minha terra tem palmeiras, Onde canta o Sabiá;
As aves, que aqui gorjeiam, Não gorjeiam como lá.”
(Gonçalves Dias)

sexta-feira, 21 de janeiro de 2011

dos meus passos

Engraçado como ser comum, previsível, quadradinho, parece ter virado qualidade digna de reconhecimento. Como se pensar igual aos outros, agir igual aos outros, viver do jeitinho que todo mundo vive fosse atestado de boa conduta, de saúde mental, de adequação ou sei lá mais o quê que possa se julgar importante para ser gente produtiva, de sucesso, gente ‘que se deu bem na vida’. Coisa de gente antiga dizer isso, ‘fulano se deu bem na vida!’, mas o raciocínio persiste, conheço gente – aliás muita – que acha que existe cartilha pra gente ‘dar certo’ nessa vida. Tem que ter tantos anos de estudo, diploma disso, diploma daquilo, emprego estável de carteira assinada, conta no banco – e cheque especial -, casa própria, carro na garagem, um ou dois filhos – mais que suficiente – , casamento morninho, vida sexual satisfatória – e nada mais que isso – , casa de praia para passar as férias e a perspectiva de uma velhice segura e previsível, sem sobressaltos, para enfim descansar em paz um belo dia, se antes disso o indivíduo não se der conta que passou a vida fugindo de tudo o que era de verdade e não cabia no programinha. Devo ser uma desajustada mesmo, porque não vejo graça em nada disso. Não vejo graça em seguir por onde me dizem que vai dar certo. Eu quero experimentar, quero abrir picadas no meio da mata, quero me enfiar por onde é desconhecido e só eu posso pisar, porque o caminho é meu. Dá mais trabalho, cansa e dá uma preguiça danada de vez em quando, mas passando a régua vale bem a pena.

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